Carro nos EUA é mais barato, mas manutenção é mais cara
Mão de obra custa mais do que no Brasil para carros médios.
Para carros 'de luxo', preço de peças é muito menor.
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Vira e mexe o alto preço dos carros no Brasil é destaque no noticiário e, muitas vezes, os valores são comparados aos dos Estados Unidos, onde um mesmo modelo de automóvel custa menos devido a fatores como impostos menores, eficiência de produção e a competitividade de um mercado dez vezes maior que o nosso. Mas, quando o assunto é manutenção, a história é outra: a mão de obra nos EUA é “salgada”.
No mês passado, rodei aproximadamente 1.000 km na Flórida, visitando concessionárias, para entender as diferenças entre manter um carro no Brasil e manter um carro nos EUA.
Comparando com o Brasil, percebemos que a mão de obra em concessionárias dos EUA é mais cara para veículos médios e empata nos carros de luxo.
Veja abaixo alguns exemplos de valores:
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- O proprietário de um Ford Focus paga pouco mais de R$ 220 por uma hora de reparo mecânico. No Brasil, são R$ 140;
- Quem possui um Corolla nos EUA paga R$ 270 para a concessionária Toyota pela mesma hora de trabalho. No Brasil, são R$ 180;
- Uma hora de reparo de um Mercedes na Flórida sai por R$ 340. No Brasil, R$ 350.
Um bom mecânico nos EUA recebe, em média, R$ 7 mil de salário, contra os R$ 3 mil no Brasil. Isso significa que o consumidor americano paga mais pelo serviço, mas o dinheiro chega ao bolso do funcionário. Vale observar que, nos EUA, os encargos trabalhistas são menores, em média 8,75% contra os 57,56% praticados no nosso país.
Suspensão quebra menos
Perguntado sobre quais são os serviços de manutenção mais frequentes, um consultor de serviços da concessionária Tropical Ford, de Orlando, respondeu “óleo, freio e pneus”. E que, fora isso, não há uma peça ou sistema que costume apresentar mais problemas do que outros. Já no “ranking” brasileiro, pela minha experiência, os problemas de suspensão chegam a ser mais frequentes até que os de pneus.
Perguntado sobre quais são os serviços de manutenção mais frequentes, um consultor de serviços da concessionária Tropical Ford, de Orlando, respondeu “óleo, freio e pneus”. E que, fora isso, não há uma peça ou sistema que costume apresentar mais problemas do que outros. Já no “ranking” brasileiro, pela minha experiência, os problemas de suspensão chegam a ser mais frequentes até que os de pneus.
Nos EUA, a suspensão quebra menos devido à qualidade do asfalto, que dá sobrevida a amortecedores, batentes, buchas, pivôs e terminais de direção. Tanto nas estradas quanto das ruas das cidades, toda obra viária segue normas rígidas de construção; não se vê tampas de ferro desniveladas ou mesmo ondulações ao lado dos pontos de ônibus.
Lombadas e tartarugas são raras e, quando aparecem, são normatizadas, todas com as mesmas dimensões. A cidade de Naples, por exemplo, parece um condomínio fechado, de tão padronizada.
Mas e se quebrar? Quanto custa?
Quatro amortecedores originais de um Ford Focus 2013 custam US$ 600, com mais US$ 135 de alinhamento e balanceamento, totalizando US$ 735, pouco mais de R$ 1.650. No Brasil, você paga 13% a mais, R$ 1.866, pelo mesmo pacote.
Quatro amortecedores originais de um Ford Focus 2013 custam US$ 600, com mais US$ 135 de alinhamento e balanceamento, totalizando US$ 735, pouco mais de R$ 1.650. No Brasil, você paga 13% a mais, R$ 1.866, pelo mesmo pacote.
Um Toyota Corolla 2013 2.0, por exemplo, gasta US$ 30 para trocar o óleo do motor, que é mais barato nos EUA, assim como todos os derivados de petróleo. Para trocar pastilhas e discos de freio, são mais US$ 211, totalizando cerca de R$ 525 por esses dois serviços. Pelos mesmos itens você pagará 17% em uma concessionária no Brasil.
Na Flórida, como em outras regiões dos EUA, as cidades são planas, há poucos prédios e muitas casas e o automóvel é o principal meio de transporte. É preciso usar o carro para tudo: mercado, farmácia, shopping... Isso acaba aumentando rapidamente a quilometragem e levando a trocar pneus, óleo, filtros e pastilhas do freio com mais frequência.
Carro 'de luxo'
Para carros considerados de luxo no Brasil, os preços de peças nos EUA chegam a ser até seis vezes menores em relação aos praticados nas concessionárias nacionais.
Para carros considerados de luxo no Brasil, os preços de peças nos EUA chegam a ser até seis vezes menores em relação aos praticados nas concessionárias nacionais.
Claro que o mercado de lá é muito maior que o nosso, o que implica no barateamento de custos de produção e de estoque. Porém, impostos e o lucro abusivo de algumas revendas brasileiras desanimam qualquer um a fazer manutenção em uma concessionária de importados.
Um exemplo: quem tem um Mercedes Classe C 250 nos EUA paga, nos quatro amortecedores, US$ 2.970, aproximadamente R$ 6.700. Atualmente as peças, assim como o carro, são importados para o mercado americano, mas neste ano a fábrica em Tuscaloosa, no Alabama, deve começar a produzir a nova geração do modelo, o que poderá até reduzir custos em algum momento.
Já no Brasil, o conjunto sai atualmente por R$ 42.502 (634% mais caro).
Porém, apesar do preço atraente, não pense em comprar peças nos EUA e jogar na mala para trazer, pois a Receita Federal não permite.
Vale lembrar que o Classe C também será fabricado futuramente no Brasil, a partir de 2015. Outras marcas de luxo, como BMW e Jaguar/Land Rover também passarão a produzir no país. Quem sabe, então, as peças aqui passem a custar menos..
Em resumo, o que ocorre nos EUA é que, nos carros médios, a diferença no preço de peças para o Brasil é pequena, mas, se o serviço exigir muita mão de obra, é capaz de ficar mais caro lá. Já nos carros aqui considerados de luxo a situação se inverte: o preço de peças no Brasil é desproporcional.
Dono de oficina em São Paulo, Denis Marum é formado em engenharia mecânica e tem 29 anos de experiência com automóveis. Nesta coluna no G1, dá dicas sobre cuidados com o carro.
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